Henrique, és demasiado inteligente para eu poder achar que tu acreditas mesmo nisso que escreves. Nas touradas ninguém, nem os que tu mencionas, argumenta que é "o direito à vida do bicho" que está em causa - o touro terá de morrer um dia, seja às mãos da natureza ou do homem. O que sempre está em causa - e podemos dar uma resposta positiva ou negativa a isso, mas não podemos negar que é isso que está em causa para quem quer que seja que se oponha às touradas - é saber se, antes de uma morte que é inevitável, nós, homens, animais racionais, que vivemos em sociedade, etc, etc, temos ou não o direito a infligir sofrimento e, possivelmente, a torturar um animal, em troca do (inegável e até - porque a natureza humana é o que é - "compreensível") prazer que isso dá a algumas pessoas. Devemos ou não permitir-nos isso?
Como notavelmente escreveu Pacheco Pereira há alguns anos, no Público, temos de nos perguntar se, enquanto civilização, é aceitável promovermos o uso de um animal, que lhe inflija dor e sofrimento - incluindo a eventual tortura, isto é, uma dor que não é apenas momentânea, mas que se arrasta, conscientemente, durante certo período de tempo - para nosso próprio prazer. E não se confunda a necessidade básica de alimentação com a necessidade secundária - importante e legítima - de recreação. Sei que, como outros, tens alguma queda para a clubite, que é, deixa-me que te diga, a única coisa que me permite em parte compreender que te atires a essa argumentação inacreditável. Mas bolas, Henrique, há limites. Não quero dispersar a minha atenção neste blogue, mas há coisas que vindas de pessoas que prezamos custam muito a ignorar. Vê lá isso. Abraço,
Como notavelmente escreveu Pacheco Pereira há alguns anos, no Público, temos de nos perguntar se, enquanto civilização, é aceitável promovermos o uso de um animal, que lhe inflija dor e sofrimento - incluindo a eventual tortura, isto é, uma dor que não é apenas momentânea, mas que se arrasta, conscientemente, durante certo período de tempo - para nosso próprio prazer. E não se confunda a necessidade básica de alimentação com a necessidade secundária - importante e legítima - de recreação. Sei que, como outros, tens alguma queda para a clubite, que é, deixa-me que te diga, a única coisa que me permite em parte compreender que te atires a essa argumentação inacreditável. Mas bolas, Henrique, há limites. Não quero dispersar a minha atenção neste blogue, mas há coisas que vindas de pessoas que prezamos custam muito a ignorar. Vê lá isso. Abraço,
1 comment:
Oba....
nós, homens, animais racionais, que vivemos em sociedade, etc, etc, temos ou não o direito a infligir sofrimento e, possivelmente, a torturar um animal,
(sem analogias para com o Aborto)
Os animais não têm direitos, são propriedade. Para a qual, concedo, há obrigações morais.
O que estás a questionar é se umas pessoas têm direito político a condicionar direitos individuais de propriedade - um tipo de propriedade, mas propriedade à mesma.
Em espaço público, escasso e partilhado, não duvido da legitimidade democrática se localmente aplicada.
Em espaço privado, sem violação de direitos que só às pessoas pertencem, não deve haver imposição legal de "moralidades" públicas.
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